Thursday, 23 October 2008

A minha aldeia...

Estive na minha aldeia há uns tempos atrás... e ao ler este poema não poderia de fazer aqui uma homenagem à Grande AZENHA DE CIMA hehe... Vejam como ainda é bonita esta pequena aldeia que fica lá "prós" lados de Castelo Branco.

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Foto tirada por Fernanda Martins

Eu Sou do Tamanho do que Vejo

Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Fernando Pessoa

Thursday, 9 October 2008

Se, depois de eu morrer...




Se, depois de eu morrer...


Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,

Não há nada mais simples.

Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.

Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.

Vi como um danado.

Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.

Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.

Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.

Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;

Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.

Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.

Fechei os olhos e dormi.

Além disso fui o único poeta da Natureza.

Alberto Caeiro