Se há algumas coisas boas que a doença me trouxe uma delas foi a possibilidade de rebobinar a minha vida. Isto dentro dos limites da fraca memória, porque os neurónios estão de baixa não comparticipada. E o mais agradável, no meio de tanta confusão, foi poder ver factos e acontecimentos passados, mas agora vistos de uma maneira diferente. À luz do tempo. Do tempo que entretanto passou. Sempre gostei de recordar. Chegava mesmo a escrever o que tinha feito para no dia seguinte poder recordar com todos os pormenores. Adorava agendas. Apontava os tópicos do dia.
Hoje, sou forçado a reconhecer que nasceu muito cedo, dentro de mim, um enorme potencial, que só não me transformou num brilhante saudosista porque não calhou e porque a falta de memória também deu uma ajudinha.
António Feio
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