Wednesday 5 December 2007

Em negação (tentativa) por Teresa Martinho Marques


Crónica
Em negação (tentativa)
Teresa Martinho Marques

Hoje vou falar de tudo menos da escola. Bem, já falei dela para dizer que não falava dela. Não começo da melhor maneira. Não quero saber de educação hoje, só de correio, mensagem, palavras sem lições ou aulas pelo meio. Pois. Foge-me o pé. Como evitar?

Falemos do tempo. Do tempo... Do tempo que faz? Do tempo que não temos para fazer o que realmente é importante? Não. Já estou a ver que não posso falar do tempo.
Tenho rosas inglesas a florir no jardim. Uma em particular tem significado especial. David Austin, o seu criador, chamou-lhe Gertrude Jekyll. E quem foi esta senhora? Não, não foi uma professora. Lá estou eu a falar do que não quero. Não. Foi jardineira. Viveu de 1843 a 1932 e ficou conhecida por ter criado mais de 400 jardins no Reino Unido, na Europa e na América. A sua influência no design de jardins está presente até aos dias de hoje, tendo também criado muitas plantas novas. Já repararam como a profissão de jardineiro é tão parecida com a de professor? Chega. Não. Não é nada parecida. São coisas distintas. Esta rosa com o nome da Gertrude é cor-de-rosa, bem dobrada, muito perfumada. Sempre que os botões se abrem, a flor encanta-nos com aquela coisa boa da primeira vez dos alunos que nos chegam no 5º ano. Ai... Não era isto que eu queria dizer. Sempre que floresce é como ver as crianças a crescer à nossa frente.
Vou mudar de assunto.
As borboletas Papilio machaon continuam a colocar ovos nas arrudas. Pensar que é no Outono que a postura aumenta e se adivinham promessas de asas no futuro, lá para o Verão, tal como acontece com os...
Páro aqui. Vou tomar um café a qualquer lado. Tenho esperança de não encontrar um professor. É que se encontrar algum, já sei para onde correrá o rio da conversa.
E hoje não. Hoje não quero.

Vá-se lá saber porquê...

(nota do editor: por ser Dezembro? Por ser quase o final do 1º período? Por ser noite na alma? Ou por haver um supremíssimo cansaço, um quase esgotamento, um sentimento claro de desautorização? Um?)


Como eu a entendo ....